Aquela menina dos olhos claros... Ela é o engodo
autodenominado. Ouvi que está foragida, qual foi o crime? Ninguém sabe. E a recompensa pelo seu encontro?
Nenhuma, o que não muda nada: todos a procuram. Que pena ter de admitir a mediocridade na vida - eu a procuro
também.
Essa menina... Dela eu não ouso recordar o verdadeiro nome. Apenas
porque só pude conhecer metade das alcunhas que teve; e a outra metade, que não
me foi dado saber, me dói.
Quão duvidosa me é a memória: conheci-a tão bem e ainda hoje
não sei quem ela é. E àqueles a quem perguntei, responderam: acho que é divina,
acho que é fantasma, acho que é puta.
Engraçado. Sempre supus ser ela muito mais que mero ponto de
discórdia universal.
Sim, eu sei: entre o divino e o vivo, entre o divino e o
morto, entre o real, o animal e o ficcional, além daquele mar, atrás da minha
parede, ela reside.
Tu me ouves? Pois me permita a metáfora: és sereia no aquário. Não, não lembrarei jamais teu nome, pois me exaspera saber que um dia já te dei o meu.
Tu me ouves? Pois me permita a metáfora: és sereia no aquário. Não, não lembrarei jamais teu nome, pois me exaspera saber que um dia já te dei o meu.
Aquela menina dos olhos claros... Um dia cantou para mim. E dizia: é o dom do desapego o que você precisa... O
que você precisa, sim.